terça-feira, 12 de abril de 2011

Prédios modernistas impressionam visitantes

Higienópolis, São Paulo.
Edifício Cinderela, Artacho Jurado. Higienópolis Foto: Hélio Bertolucci Jr. ©

VANESSA CORREA
DE SÃO PAULO

FOLHA DE SÃO PAULO - COTIDIANO

São Paulo é campeã de turismo de negócios e eventos, isso não se discute. Mas é comum a cidade receber estrangeiros interessados em uma característica peculiar da cidade: sua arquitetura.

Atraídos por nomes como Oscar Niemeyer, Lina Bo Bardi e Paulo Mendes da Rocha, arquitetos e interessados no assunto percorrem a capital paulista para conhecer obras modernistas projetadas entre 1930 e 1970.

No percurso, além de conhecer símbolos do estilo, como o Copan (Niemeyer) e o Masp (Bo Bardi), são apresentados a obras de outros modernistas, como Artacho Jurado e Vilanova Artigas, bem conhecidos por aqui e não tão famosos lá fora.

No mês passado, um grupo de 30 franceses passou quatro dias conhecendo a arquitetura paulistana.

"Recebo grupos como esse pelo menos uma vez ao ano" diz Gabriel Marques Leveau, chefe de projeto da Top Tours DMC Brazil, empresa que recebe grupos estrangeiros.

Os roteiros geralmente incluem pontos turísticos mais comuns, como o Mosteiro da Luz e prédios do "centro velho". Aí os "gringos" ficam loucos com a mistura de épocas e estilos, contam profissionais de turismo.

"Quando eu mostro Artacho Jurado, a maioria fica maluca. Também ficam tarados pelo contraste entre os edifícios da virada do século e os modernos do centro", diz Flavia Liz Di Paolo, da Unique in São Paulo.

O renomado arquiteto belga Julien De Smedt, que fez um tour há dois anos, descreve uma de suas obras favoritas. "O vazio, o lugar onde as pessoas se encontram, vivem, trocam experiências. O projeto é mais sobre o que não é construído."

Ele fala do Sesc Pompeia, de Lina Bo Bardi. E também elogia o projeto da Galeria Vermelho, outro sucesso entre os gringos, projeto de Paulo Mendes da Rocha e do escritório Piratininga.



CAFONA

Mas Julien não poupa ofensas ao geral da arquitetura dos anos 80 até hoje.

"Há muito pouca arquitetura contemporânea. Por outro lado o pós-modernismo continua, com prédios ornamentais e pomposos, bem cafonas, horrorosos."

Para o artista italiano Bruno Leone, o que mais impressionou foi o "grande hotel-restaurante em forma de navio". Ele fala do Hotel Unique, projeto de Ruy Ohtake, na avenida Brigadeiro Luís Antônio, próximo ao Itaim Bibi (zona oeste).

A guia Flavia Liz acompanhou na última quarta três médicos que estavam na cidade para um congresso.

O sul-africano Myron Schultz gostou especialmente de Oscar Niemeyer e de dois prédios de Artacho Jurado em Higienópolis (centro). Alta Smit, também sul-africana, ficou impressionada com prédios com nomes e fachadas francesas. O libanês Ghassan Andraos destacou a diversidade de prédios que vão do século 19 aos dias de hoje, além da qualidade dos projetos e restauros.

Gabriel Rostey, da SPTuris (empresa de turismo da prefeitura), diz que os americanos gostam da arquitetura colonial, como o Mosteiro da Luz, porque eles não tem isso lá. Já para os europeus, o estilo interessa menos.

Fonte: Clipping Express

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